Todos sabem o que vem ocorrendo nas principais cidades do país contra
cidadãos pobres despejados em ações intoleráveis. Só no Rio de Janeiro, segundo
a própria facciosa prefeitura, desde 2009 mais de 20.000 famílias já foram
removidas, sendo que há um plano de remover mais de 8.000. Este número está
muito aquém da verdade obviamente. Repete-se aqui, com remoções desumanas os
crimes vivenciados na África do Sul que obrigaram 10.000 famílias a morar em
casas de lata, enquanto os estádios estão vazios.
As indenizações pagas por essas remoções ilegais estão muito abaixo do
preço de mercado, sendo que muitas vezes os removidos são incluídos no
famigerado aluguel social de curta duração, ou incluídos no plano “Minha Casa
Minha Dívida”, afastados logradouros, sem transporte, saúde, educação e
saneamento básico, com algumas áreas controladas por milícias inclusive. Muitas
vezes sequer são incluídos em qualquer plano, aumentando simplesmente o número
de sem teto, que atinge 12 milhões de famílias em nosso país.
A FIST vem resistindo contra essas desumanas remoções e ainda, em virtude
de sua luta contra os leilões do petróleo e gás que muito prejudicam as
condições de vida do povo, vem sendo atingida por continuada perseguição, com
processamentos, detenções dos seus membros, e a prisão de Jair Seixas
Rodrigues, eleito como “bode expiatório”. Jair, após várias detenções
persecutórias é o único que está preso até hoje em virtude das manifestações,
sendo que nunca usou máscaras e nada fez no dia de sua prisão, como atestam
vários colegas advogados.
A comunidade de Tubiacanga, por exemplo, estava ameaçada de ser removida,
uma vez que o governo federal alegava que precisaria da área para construir uma
nova pista para o aeroporto do Galeão. Após várias manifestações, o ministro
Moreira Franco prometeu que a comunidade não será mais despejada. Até quando
valerão estas palavras, uma vez que o Ministro não merece credibilidade e o
aeroporto será privatizado, passando então a área ao capital privado, sempre insaciável
e desumano?
Apesar disso tudo, felizmente até o presente momento nenhuma ocupação da
FIST foi removida, mas não podemos nos gloriar de sermos uma ilha no meio do
sofrimento de tantas pessoas, até porque os anos críticos serão 2014 (Copa do
Mundo) e 2016 (Olimpíadas). Precisamos resistir, pois essa é uma luta de todas as
pessoas fraternas.