sábado, 28 de dezembro de 2013

A Aldeia Maracanã e a Lanagro - André de Paula

O Laboratório LANAGRO que foi criminosamente desativado, era quem fiscalizava o cumprimento das leis sanitárias do estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Pressionado pelo agronegócio, acabaram com a
fiscalização dos alimentos que ingerimos.

Se por acaso estiverem usando uma quantidade de agrotóxicos acima do permitido ou algum fabricante de biscoitos entender misturar asas de barata no chocolate para diminuir seu preço, não haverá como fazer um
controle pronto e imediato capaz de detectar as partículas de insetos na comida.

Todo o material da empresa foi transferido para a garagem da Vigiagro localizada na rua Barão de Tefé, sem nenhuma organização técnica, misturando equipamentos importados de alto custo financeiro com produtos químicos, alguns de alta periculosidade.

Além de tudo, os equipamentos permanecem desligados, sem receber corrente elétrica, portando sujeitos a oxidação, agravados pelo fato de situarem-se muito perto do cais do porto, recebendo, portanto, os
efeitos diretos da maresia. Já estão há um ano e quanto mais tempo permanecerem sem uso, mais rápida será a inutilizarão e deterioração de equipamentos técnicos científicos que são patrimônio da União Federal, todos eles adquiridos com verba pública.

O que lamentamos ainda mais, é que, provavelmente, a imagem do Brasil no exterior será prejudicada durante os próximos eventos que irão acontecer no Rio de Janeiro, tais como Copa do Mundo e Olimpíadas, quando a cidade irá receber muitos turistas que poderão também estar sujeitos aos mesmos riscos de doenças transmitidas pelos alimentos contaminados.

Por isso, a ocupação deste espaço pelos índios, caracterizou-se na
verdade como um ato de defesa da saúde da população e de seu próprio
território, uma vez que a Lanagro encontra-se no perímetro da Aldeia
Maracanã.

Eu mesmo patrocino uma Ação Popular Constitucional contra a União,
distribuída na 23ª Vara Federal, por mais este crime contra a saúde
pública. A remoção dos indígenas foi absolutamente ilegal, pois, não
havia ordem judicial para tal. Usar ordem antiga é na verdade crime de
abuso de poder.

André de Paula é advogado da Frente Internacionalista dos Sem Teto.

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