SOMOS TODOS SEM-TETO

          É cada vez mais urgente a união e articulação cooperativa dos indivíduos e organizações, bem como a unificação de bandeiras (moradia, mobilidade, cultura efetivamente popular, segurança realmente pública, sustentabilidade, garantia de geração de ocupação e renda) em prol da construção de alternativas populares e não-autoritárias que garantam a melhoria da qualidade de vida e o aumento da justiça social na cidade (ainda que, se for o caso, precisem ser implementadas apesar dos mecanismos, imposições, restrições e repressões do Estado).

          Uma leitura aprofundada da conjuntura e dos projetos da cidade (não somente os explícitos, mas principalmente os velados) que as perspectivas privatistas, elitistas,  tecnocratas (de direita e de esquerda) e estatistas precisa ser feita com seriedade e dedicação não só a partir de preocupações populares, mas concreta e diretamente pela própria população. Da mesma maneira, um verdadeiro projeto popular precisa ser construído com bases sólidas de mobilização e discussões densas sobre qual cidade se quer, sobre quais são as prioridades e sobre como um processo autogerido, auto-organizado, autoplanejado pode ser feito.

          Enquanto isso, a tendência de mais e mais ocupações seguirem sendo feitas é enorme. O Estado tem se empenhado em enfraquecer e solapar cada tipo de alternativa popular à crescente precarização de suas condições de vida (sejam alternativas de geração de renda, de trabalho, de educação, de cultura ou de moradia), bem como em criminalizar de toda forma os movimentos e as lutas sociais. Assim, a indignação popular ganha cada vez mais justificativas e razões para existir - e a solidariedade e a ajuda mútua são imperativos cada vez maiores para isso! O repúdio à violência estatal e privada é amplo, crescente e legítimo.

Fonte: jornal da Fist, ano II, n. 11, Fórum contra o Choque de Ordem, jan.-fev., 2010.

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