PERDÃO E PUNIÇÃO PARA OS TORTURADORES

 por André de Paula                                                                                                                                
            João Paulo II visitou na prisão e perdoou aquele que o feriu gravemente com o objetivo de matá-lo. Apesar desse gesto profundamente cristão, o Papa não pediu para que Ali Agca fosse solto, uma vez que se assim o fizesse estaria cometendo uma injustiça, porque o transgressor deve pagar por aquilo que faz. Perdão e justiça caminham lado a lado e não são posições antagônicas. O mesmo deve acontecer com os torturadores golpistas do regime policial militar de 1964. Além de derrubarem um presidente constitucionalmente eleito, ainda cometeram o crime brutal e hediondo de tortura, assassinato e ocultamento de cadáver contra justamente aqueles que lutavam pela legalidade, em favor de um Estado de Direito.
            Não se trata, portanto, em hipótese nenhuma, de revanchismo, vingança ou sadismo e sim de justiça. Eu mesmo fui preso político torturado pelo falecido Gal. Euclides de Figueiredo (irmão de Presidente Figueiredo), Cel. Ernany Guimarães Teixeira e pelo civil José Manes Leitão, tendo perdoado-lhes de coração, mas, por questão de justiça, desejo vê-los na cadeia para que paguem pelo crime vil que cometeram.
            Será bom até para os próprios torturadores, a fim de que possam refletir, e será ótimo exemplo para que as futuras gerações não voltem a enveredar por esse torpe caminho.
            A Comissão da Verdade, portanto, é apenas um começo desta caminhada até a justiça total. Finalmente, é inacreditável que um ministro do STF como o senhor Gilmar Mendes (aquele mesmo que tem vários capangas como muito bem disse o Ministro Joaquim Barbosa) faça apologia de crime de ocultação de cadáveres, dizendo que isto é brincadeirinha dos Procuradores que acabará no dia do julgamento, configurando também pré-julgamento. Urge argüir Exceção de Suspeição contra o Ministro para que ele não possa votar nesta fundamental matéria, uma vez que não pode fazer apologia de crime e muito menos pré-julgamentos.
            André de Paula é anistiado político e advogado da FIST (Frente Internacionalista dos Sem-Teto)            

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