segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A plenária dos trabalhadores respondeu a nossa nota de reclamações da seguinte forma:

"Companheiros informes da reunião operativa do dia 25/9 :
...
Em relação a Fist , a reunião operativa lamenta e considera ter havido um problema organizativo em relação a garantia da estrutura pedida pelos companheiros, e propõe que doravante seja feita uma comissão de estrutura para cada evento / ato , onde esta comissão proporá a estrutura existente para evento / ato que deverá ser avaliada pelos companheiros da Fist e outras organizações que devem confirmar se aceitam a estrutura existente antes da participação.

Plenária de Trabalhadores em Luta"
Comentários da FIST:

A FIST agradece a satisfação dada às questões trazidas apesar de lamentar profundamente a resposta corriqueira e protocolar. Não se pode negar que é um avanço em relação a postura inicial da organização que defendia a ofensa e se desfazia da nossa reclamação demonstrando uma postura prepotente enquanto fazia de uso do argumento de união para ignorar problemas sérios de relações desiguais dentro desse projeto.

Não só isso mas também punha-se a elogiar e lamentar a falta do MTST na plenária no momento em que relatávamos nossas reclamações. O MTST é um movimento que defende a reforma urbana mas muitas vezes recua diante do enfrentamento concreto ao governo do PT, que também critica em público a presidência mas participa de uma manifestação em apoio a mesma para logo depois ver uma proposta de ajuste fiscal aonde um terço dos cortes está na moradia. E por sinal, um movimento muito menor que a FIST no Rio de Janeiro!

É triste perceber que muitos dentro da plenária leem as críticas como um ataque pessoal a esta ou aquela organização ou como uma forma de implodir o espaço. Nós temos uma visão muito diferente, não vivemos de aparências como partidos políticos fazem, vivemos do conteúdo concreto da nossa militância. Não fazemos política com uma retórica para depois ter uma prática diferente. Assim, acreditamos que a crítica condizente sempre é produtiva, um convite a reflexão e reforma de atuação.
Acreditamos que a correção das falhas mostra uma postura de retidão e honradez e é isso que atrai pessoas para uma causa e não a resposta inicial pueril e indigna da plenária. Resta agora verificar se a postura de respeito e igualdade realmente será posta em prática ou continuará só no discurso.

É preciso dizer ainda que falta de detalhes sobre um ajuste pago pelos ricos também parece demonstrar irresponsabilidade ou falta de conhecimento de política fiscal. É difícil atrair pessoas e demonstrar a seriedade da proposta se é apresentada de forma tão vaga. O mesmo pode-se dizer sobre uma política de emprego tão necessária nesse momento de crise além de elencar as prioridades orçamentário populares e outras demandas essenciais como aquelas contra a discriminação de qualquer forma que seja.

Outra questão preocupante que torcemos que seja sanada é que dentre os eixos principais da plenária inicialmente não havia nem menção de reforma agrária e reforma urbana demonstrando a baixa prioridade dos movimentos ali presentes a estas questões. Na reunião subsequente isso foi corrigido mas não foi mencionado nada sobre questões de direitos humanos dos pobres, reforma das policias, do judiciário, do código penal e processual, do sistema prisional ou da política de segurança.
Fica exposto clara e novamente que esta plenária ainda não tem um cunho popular mas predominantemente trabalhista e ideológico concentrando-se muito mais em teoria e retórica do que na prática dos interesses populares. Isto é gravíssimo! Precisamos atentar para o fato de que a proporção de trabalhadores sindicalizados no Brasil é de cerca de 17% representando assim uma minoria da classe trabalhadora. Obviamente que são mais organizados e tem recursos garantidos por lei mas isso não quer dizer que sozinhos sejam capazes de representar a sociedade. 

Já partidos políticos oportunistas, pelegos, desonestos, elitistas, falsos e academicistas munidos só de teoria e retórica enquanto se mantêm distantes do povo são menos representativos e atrativos ainda para qualquer projeto de união de esquerda e isso prejudica nossas tentativas de trazer mais movimentos sociais próximos a nós para esta plenária. Estamos tentando ativamente aglutinar mais forças mas certos grupos terão que pensar seriamente no seu comportamento e nos seus objetivos dentro desta plenária. Caso seja unir por uma pauta comum como dizem então será necessário um esforço muito maior de grupos hegemônicos em abrir espaço, mostrar respeito e promover a igualdade dentro da plenária.

Entendemos que documentos podem ser corrigido facilmente mas o processo e as pessoas que criaram os documentos originais precisam seriamente de mudanças se realmente quiserem união e trazer as massas para este projeto. A Fist se mantém disposta em contribuir caso veja avanços mas cogitando ainda a possibilidade de abandonar as reuniões e participar só dos atos que achar válidos.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

REGIMENTO INTERNO DA  FIST – FRENTE INTERNACIONALISTA DOS SEM-TETO

HISTÓRICO:

A Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST) fundada em meados do ano 2005 por Antônio Louro e André de Paula contando ainda com a participação da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ) caracteriza-se por um movimento político-social voltado para o apoio mútuo entre as ocupações dos sem-teto aonde quer que seja possível. A FIST denuncia a exploração imobiliária burguesa e organiza sua resistência contra qualquer tipo de exploração e pressão oriunda do sistema capitalista.

Sua estrutura interna está baseada na horizontalidade das discussões, na ação direta de suas tarefas, na autonomia social e política dos grupos participantes e na responsabilidade coletiva.

A FIST organizará e estimulará ações que visem ao bem-estar social, intelectual e físico de seus participantes, especificamente os das ocupações, através de metodologias de capacitação cultural – palestras, debates, eventos culturais, exposição de vídeos, filmes, documentários etc., assim como atividades profissionais e econômicas como criação de cooperativas, oficinas de reciclagem, etc.

A FIST pode prestar solidariedade ou apoio a outros movimentos sociais urbanos ou rurais do Brasil e do resto do mundo que tenham caráter classista, definindo-se, assim, por internacionalista.

Adotará o socialismo anti-autoritário e apoiará a luta dos trabalhadores rumo à conquista dos meios de produção e do controle de suas próprias vidas sem qualquer intermediação de instituições burguesas. Também defenderá o voto nulo e o abstencionismo como parte de sua estratégia de luta por acreditar que o processo eleitoral é viciado.

 A FIST lutará pela realização da autogestão social do solo urbano, ampliando ainda mais os instrumentos socioeconômicos coletivizados como saúde, saneamento, educação, transportes, etc., dirigidos por federações de trabalhadores. Sua estratégia é apoiar a organização de base das instituições como associações e sindicatos que tenham esses como objetos de suas lutas.


NORMAS INTERNAS DAS OCUPAÇÕES:

- A FIST não apoia ocupações onde haja especulação imobiliária, ou seja, aquelas em que um ou mais ocupantes aluguem ou vendam espaços;

-Todos os moradores das ocupações devem preencher fichas cadastrais assim como pessoas que desejem ingressar em alguma ocupação. A lista de espera será ordenada pela FIST regional usando-se critérios de participação e necessidade.

- É obrigatória a participação de moradores nas reuniões de suas respectivas ocupações;

- É obrigatória a participação de moradores nas reuniões da FIST regional de modo que todas as ocupações estejam representadas na reunião. Os moradores que participarem devem retornar as informações para suas respectivas ocupações;

-As ocupações devem estar representadas nos cursos e atividades de formação política organizados pela FIST.

- As ocupações devem participar dos atos e mobilizações em que a FIST participe ou apoie.

-Todos os espaços sobrando em qualquer ocupação deve ser cedido a pessoas necessitadas que estejam cadastradas na lista de espera da FIST e somente aqueles cadastrados na lista de espera.

-Cada família das ocupações deverá contribuir com a FIST mensalmente com uma quantia estipulada pela FIST regional.

-É facultado aos militantes da FIST participar e opinar nas reuniões das ocupações.

-Qualquer item do regimento interno que venha a ser infringido poderá acarretar na desfiliação da ocupação da FIST.

-A expulsão de ocupações da FIST será determinada na reunião da FIST regional por votação de maioria simples. Ocupações expulsas poderão ser reintegradas caso reparem os erros que levaram a expulsão. Ocupações que sejam expulsas uma segunda vez não poderão retornar a FIST.

-Moradores podem ser expulsos da ocupação em que residem em votação por maioria simples na ocupação em questão ou na reunião da FIST regional.

-Quaisquer disputas e ambiguidades deste regimento deverão ser resolvidos na reunião da FIST regional.
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(Local e Data)

terça-feira, 15 de setembro de 2015

O que queremos!



            Acesso a educação e saúde de qualidade é uma realidade no Brasil, mas uma realidade para poucos, para a vasta maioria é apenas um sonho. Não só isso, acesso a transporte de qualidade, saneamento básico, asfaltamento, coleta de lixo e até dignidade ainda é algo que faz falta a muita gente e mesmo os que têm algum acesso a essas coisas tem que pagar cada vez mais por isso.
            O país que os políticos e as elites vivem não é o mesmo país que o resto da população vive o que se torna mais evidente na proposta de solução do problema orçamentário. Não há uma só linha sobre criação de emprego e melhora salarial apesar do desemprego estar nos níveis mais altos dos últimos anos e o salário médio ter caído 11,5% em 2015 em termos reais. Não há uma linha que promova a justiça social ou uma linha sobre redistribuição de renda e riqueza.
            A proposta de cortes coloca 48% do peso nas costas do funcionalismo público, 33% em moradia, 14,5% na saúde e só 4% nos subsídios agrícolas. Para aumentar a arrecadação só 20% recairá sobre redução de subsídios a empresas e aumentos de impostos para os mais ricos.
            Como apoiar esse ajuste num país aonde a saúde é considerada o maior problema da população mas enquanto saúde e educação só recebem juntos 11% dos recursos federais? Num país aonde o custo do subsídio para o orçamento público seria de 6% só em 2016 enquanto o valor total dos recursos disponibilizados é cerca de 30% do orçamento federal? Num país aonde os programas de transferência de renda como o Bolsa-Família só constituem 3% do orçamento federal e os investimentos somente recebem 6%?
            Para o atual governo não basta manter os latifúndios modernos sem fazer a reforma agrária, ele ainda financia os mesmos grandes agricultores que cometem crimes contra a humanidade massacrando índios brasileiros que têm suas terras invadidas. Para o atual governo não basta manter a relação injusta e desigual entre trabalhador e patrão, precisa financiar fortemente os grandes empresários que compram políticos com o financiamento das suas campanhas. Para o atual governo não basta dedicar parcos recursos para os mais necessitados via programas sociais, ele ainda precisa tentar convencer que faz muita coisa como se o povo não merecesse e como se não gastasse 25 vezes mais com subsídios para ricos do que com o Bolsa-Família. E pior, na hora de propor mudanças quer piorar o que já é péssimo.
            A farsa daqueles que criticam o governo mas o apoiam pedindo para que ele vá à esquerda fica ainda escancarada com esse ajuste que cobra dos pobres pela mordomia dos ricos. Quantos não louvaram o presidente do MTST que criticou publicamente a presidenta Dilma mas não deixou de ir às ruas para apoiar seu governo? Pois que fique escancarado para eles os R$ 8,6 bilhões de reais cortados do programa Minha Casa, Minha Vida perfazendo um terço dos cortes totais. Valeu a pena fazer a defesa crítica da Dilma? O que esse governo quer é submissão, não união e nós militantes não participamos da luta por uma agenda social para nos curvarmos àqueles que se unem a direita para beneficiar ricos e explorar os pobres.
            Há ainda aqueles que temem a volta do regime militar ou a implantação de um regime plenamente fascista, infelizmente já não estamos distantes desta realidade. Não há necessidade de mudança de regime para que as forças retrógradas, reacionárias e elitistas se sintam contempladas de tal forma que no Brasil aqueles que preferem regimes autoritários estão entre 12% e 20% da população, proporções altas, mas decrescentes e apontam uma clara minoria apesar dos problemas da nossa democracia débil.
Já aqueles que acreditam que um governo tucano seria ainda pior não percebem que a diferença dos programas do PT e do PSDB é tão pequena que não vale a desmoralização da esquerda, não vale destruir nosso futuro promovendo a reprodução do passado, não vale apoiar um partido desonesto e um programa de direita, não vale dispender esforços para apoiar um projeto podre e carcomido enquanto poderíamos estar construindo uma nova esquerda, uma esquerda com o povo, genuína, coerente, honesta e que defenda os interesses da população.
                Estamos de facto fortalecendo a direita agindo exatamente como ela quer dando combustível para nos desmoralizarmos, para nos afastar do povo e desperdiçarmos nossos esforços fazendo o que a direita quer enquanto ela se fortalece até tomar o poder por completo. Não se enganem, o PT já mostrou a que veio e que não tem salvação, enquanto ele promove um projeto de direita teoricamente moderado a direita radical se fortalece até conseguir o que quer. Enquanto uma parte da esquerda tem medo ou preguiça de reconstruir a esquerda porque por exemplo acha que a direita pode passar um trator no meio da obra a casa está desmoronando e eles preparam a remoção do mesmo jeito.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Porque o Petróleo tem que ser nosso!

               
                A recente onda dos entreguistas de recursos brasileiros tenta justificar a privatização da extração do petróleo seja pela falta de recursos para os investimentos colossais necessários para a exploração do pré-sal seja porque empresas privadas supostamente seriam mais eficientes na extração do petróleo. Duas mentiras descaradas que serão desmascaradas neste texto.

            Em relação aos recursos precisamos primeiro lembrar que diferentes fontes colocam o valor mínimo para a viabilização do pré-sal em 45 dólares por barril já considerando o custo de endividamento para a extração. Porém apesar do barril de petróleo estar atualmente neste patamar estimativas de mercado e do banco mundial colocam os preços do petróleo subindo. Logo, não existe necessidade de privatização por falta de recursos até porque empresas privadas precisariam de taxas de lucro maiores pois tem custos de captação de recursos muito mais altas que o governo brasileiro ou a Petrobrás.

            Em relação ao suposto ganho de eficiência com a privatização podemos rapidamente comparar o custo de extração da Petrobrás de cerca de 9 dólares por barril com a média mundial de 15 dólares por barril para rever nossos conceitos. Assim encontramos que a performance da Petrobrás é melhor do que a média mundial se equiparando aos custos do Oriente Médio que são os menores do mundo, local do planeta aonde a extração de petróleo é mais fácil. Quando comparamos a taxa de retorno da Petrobrás com a de grandes empresas petrolíferas internacionais como Exxon, BP, Shell e Chevron encontramos que as estrangeiras têm pífias taxas de retorno de 0,1% a 0,2% na média dos últimos 5 anos o que não as coloca mais rentáveis que a Petrobrás apesar dos últimos anos terríveis de gestão petista na empresa. Então no que o Brasil ganharia privatizando o petróleo? Não é o Brasil que precisa das empresas petroleiras internacionais são elas que precisam do Brasil! Se nos anos 50 elas controlavam 85% das reservas de petróleo do mundo em 2013 controlavam tão somente 10%. Assim fica claro a quem servem aqueles que desejam a privatização.

            Quanto a análise de preços em si, uma estimativa feita por Andrew Butter, analista com 20 anos de experiência nesse mercado, crê que  o preço do barril de petróleo deve ficar entre 50 e 70 dólares até 2020 e depois subir rapidamente para cerca de 150 dólares até 2022 graças a níveis baixos de investimentos no período de vacas magras. Assim, investir nesse momento de preços baixos é imperativo para que se possa garantir o aproveitamento dos preços mais altos conforme a demanda cresce mais rápido que a oferta. A lógica dos investimentos não pode olhar somente para o cenário atual, mas também para o cenário futuro. A análise do banco mundial crê no aumento de cerca de 5 dólares em média no preço do barril de petróleo nos próximos 10 anos o que também confirma a viabilidade do uso estatal de captação de recursos para investimento na Petrobrás. Não encontramos nenhuma análise de preços futuros que justifique não investir na extração de petróleo via Petrobrás.

            Para entender melhor a dinâmica da produção e precificação do petróleo é importante olhar também para informações sobre o xisto betuminoso. O alarde feito em relação a tecnologia de fratura hidráulica para extração desse produto se fazia justificável quando o preço do barril de petróleo estava na casa dos 100 dólares não obstante a questão do dano ecológico que sempre é difícil de se precificar. É muito difícil se fazer estimativas do preço mínimo para a viabilidade dessa tecnologia, mas muitas delas colocam em 60 dólares por barril o preço mínimo para a sustentabilidade das empresas que usam essa tecnologia. Existe a possibilidade concreta da existência de uma bolha nesse mercado alimentada por taxas de juros baixíssimas nos EUA que pode estourar a qualquer momento com os níveis atuais do preço do barril de petróleo. Precisamos atentar ainda a resposta de países da OPEP, principalmente da Arábia Saudita, que decidiu aumentar a produção fortemente para baixar os preços internacionais e impedir o avanço do xisto betuminoso. Na teoria econômica é difícil se justificar essa estratégia mas de qualquer forma o resultado há de ser a sobrevivência da Petrobrás e do projeto do pré-sal sem grandes problemas e independente dos resultados da interação entre Arábia Saudita e fratura hidráulica americana a tendência do contexto da Petrobrás é de avanço continuado.

            Isto não quer dizer que devamos nos conformar com a situação atual. Empresas privadas são responsáveis por cerca de 7,5% da produção de petróleo atualmente e 53% da Petrobrás encontra-se em poder de investidores privados, assim 56,5% da produção de petróleo atualmente não beneficiam o estado brasileiro diretamente. Se considerarmos uma taxação de 25% sobre rendimentos então 42% dos lucros do petróleo são destinados a investidores privados já descontados os impostos. Quanto isso significa em valores monetários? Se hoje imaginarmos que o rendimento da Petrobrás apenas cobre seus custos de captação e tomando que os preços de petróleo subam em média 5 dólares por ano a produção de 3 milhões de barris de petróleo por dia significariam 15 milhões de dólares por dia a partir do ano que vem e um aumento de 15 milhões por ano, isso quer dizer que daqui a dois anos os lucros seriam 30 milhões de dólares por dia, daqui a três anos seriam de 45 milhões de dólares por dia, daqui  a 4 anos 60 e por ai vai. Isso sem contar os futuros aumentos de produção, redução de custos com a melhora da tecnologia de perfuração em aguas profundas mas também sem trazer a valor presente, mesmo assim podemos ter uma ideia do valor mínimo. Por ano isso significa um aumento de no mínimo 5,5 bilhões de dólares no lucro sendo que todo ano os investidores privados receberão 2,3 bilhões de dólares a mais por ano, ou seja 4,6 bilhões daqui a dois anos, 6,9 bilhões daqui a 3 anos e por ai vai.

            Não se sabe ao certo a quantidade de petróleo por baixo da camada de pré-sal mas se assumirmos que as reservas são de 30 bilhões de barris, no ritmo atual de produção o Brasil levaria 27 anos para esgotar a produção de petróleo do pré-sal. Assumindo nossa premissa de aumento de 5 dólares por ano no preço do petróleo e usando uma taxa de desconto de 10% ao ano chegaríamos a cerca de 450 bilhões de dólares de lucro líquido e uma receita total de 2,5 trilhões de dólares a 85 dólares o barril em média. O Brasil aceitar que centenas de bilhões de dólares sejam destinados a investidores privados quando há tantas necessidades gritantes no nosso país é algo absurdo e sem sentido. Já destinamos muitos recursos para subsidiar os ricos, já convivemos com impostos que recaem mais sobre os pobres do que os ricos, já deixamos que vastas fortunas sigam sem serem taxadas apropriadamente, não podemos aceitar nenhuma dessas injustiças quanto mais somar mais esta injustiça a lista. Precisamos lutar pelo que é nosso. Não ao leilão do Petróleo! Queremos uma Petrobrás 100% estatal e não aceitaremos nada menos que isso!


Magno Mendes Severino da Silva
Economista militante da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST).

Referências:
a)      Custos de produção e preço mínimo de viabilização de extração:
        b)   Informações da Petrobrás, de outras empresas petrolíferas estrangeiras e do mercado nacional de petróleo

c) Informações sobre o mercado internacional de petróleo e do xisto betuminoso

https://www.iea.org/oilmarketreport/omrpublic/
Chega de falta de moradia! Chega da pagar ajuste fiscal!


O ano de 2015 é aterrorizante. Vimos a vitória de uma presidente que ganhou mas não levou, que mentiu sobre a conjuntura econômica criada pelas escolhas irresponsáveis e incompetentes dela e que agora sofre as consequências em sua popularidade pela sua atitude dissimulada. A resposta é uma disputa na direita entre aqueles que querem um grupo político de direita autêntico, desavergonhado e que promova uma política econômica ortodoxa e liberal mais radical e que se sentem representados pelo PSDB. Há ainda a direita travestida de esquerda, a direita que distribui migalhas e esmolas e tenta convencer o povo de que é um banquete. Essa falsa esquerda, essa esquerda que a direita gosta, serve somente para aliviar as relações sociais esgarçadas da sociedade brasileira e não para promover o bem-estar e os interesses da classe trabalhadora e dos pobres. Claro que estamos falando do PT.

                Em termos de moradia por exemplo, o Déficit Habitacional em 2012 no Brasil foi de 5,4 milhões de moradias. Só no estado do RJ o déficit é de 400 mil habitações segundo IBGE. A resposta do governo, o Programa Minha casa minha vida, foi reduzido em 36% para 13 bilhões de reais.  Mas precisa-se gastar 76 bilhões de reais por ano segundo FGV para zerar o déficit em 10 anos. Déficit que não vem caindo, vem aumentando e em 2024 pode atingir 20 milhões de família em necessidade.

                Mas a crise e a pobreza não é a realidade de todos, 3 em cada 10 mil Brasileiros ganham mais do que R$ 125.000 reais por mês. São 71 mil dos declarantes de imposto de renda num país de 200 milhões. Eles concentram 15% da renda e 22% da riqueza apesar de serem somente 0,035% da população. O rendimento total dessa pequena elite foi de 300 bilhões de reais em 2013 e o patrimônio deles chegava a 1,2 trilhão de reais. O que dá em média 347 mil reais por mês e uma riqueza de 17 milhões por pessoa. Se considerarmos aqueles que ganham mais do que 60 mil por mês temos 0,1% da população brasileira e que detêm 30% da riqueza total do país.

                Seguindo a análise da realidade brasileira, atentemos para o fato de que a dívida pública está em cerca de 2,29 trilhões. Ora, um tão necessário imposto sobre riqueza começando em 70% do que ultrapassar cerca de 250 mil reais e chegando a 85% para quem tem riqueza acima de 17,5 milhões cobrado uma única vez pode zerar a dívida pública brasileira economizando mais de 300 bilhões de reais por ano em juros ou 6% do PIB.

                A criação de novas faixas de imposto de renda para quem ganha 8 mil reais chegando a 125 mil reais indo de alíquotas a partir de 32,5% até 52,5% seguiria a lógica de países desenvolvidos como França e Estados Unidos que resolveram aumentar a arrecadação através de impostos de renda mais altos para os ricos. Dessa fora podemos aumentar a arrecadação no mínimo em cerca de 47 bilhões de reais por ano podendo chegar a muito mais. Se numa estimativa conservadora chegarmos a 86 bilhões de reais a mais de arrecadação de imposto de renda podemos passar de um déficit primário de 0,65% do PIB para um superávit de 2,67% do PIB. Lembrando que pagamos toda a dívida com o imposto sobre riqueza! Essas modificações tributárias resolveriam dois problemas históricos do país. E não devemos parar por aí! Cortando subsídios agrícolas para latifundiários no valor de 156 bilhões (certa de 6% do PIB!) e empréstimos subsidiados de 172 bilhões (6,6% do PIB) aos grandes empresários teremos muito mais recursos para investir em educação, saúde, saneamento básico, energia, transportes, segurança pública e programas sociais.

                Essas modificações tributárias e orçamentárias resolveriam dois problemas históricos do país. Primeiro a questão da justiça social. Todo mundo sabe que o Brasil desde sua concepção foi um país feito para dar privilégios aos ricos que não contribuem com sua devida parte para o país mas recebem uma parte desproporcional dos benefícios. Em segundo lugar a questão da fragilidade fragorosa das contas públicas e da estabilidade macroeconômica.


                Mas o mais importante não foi dito. Não adianta nada fazer toda essa engenharia financeira e pôr o dinheiro na mão do PT que os recursos serão desviados ou desperdiçados já que é reconhecidamente corrupto e inepto. Precisamos de uma nova esquerda, responsável, intelectualizada, com conhecimento técnico e que defenda os interesses dos pobres e trabalhadores. Só assim esses recursos irão ser utilizados para o bem do povo.

Referências:
http://www.valor.com.br/brasil/3985708/deficit-nominal-em-12-meses-e-recorde-em-734-do-pib-aponta-bc
http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2014/05/200bplano-agricola-e-pecuario-vai-fornecer-mais-subsidio-aos-produtores
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Relacao_Com_Investidores/Desempenho/
http://economia.ig.com.br/2015-05-23/minha-casa-minha-vida-tem-corte-de-r-56-bilhoes-no-orcamento.html
http://www.valor.com.br/brasil/3733244/fgv-brasil-precisa-de-r-76-bi-ao-ano-para-zerar-deficit-habitacional
http://www.cbicdados.com.br/menu/deficit-habitacional/


Magno Mendes Severino da Silva
Economista militante da FIST





quarta-feira, 2 de setembro de 2015

DESMANTELADA A ARMAÇÃO DA LIGHT, CEDAE E DO GRILEIRO SIDNEY INÁCIO NETO QUE ACUSOU A MORADORA EVA, DA OCUPAÇÃO ROSA LUXEMBURGO 2, DE FURTO DE LUZ E ÁGUA. EVA FOI FINALMENTE ABSOLVIDA.OUTROS 3 MORADORES JÁ TINHAM GANHADO AÇÃO CONTRA A LIGHT E CEDAE.


SEGUNDO UMA DAS TESTEMUNHAS," não foi a acusada que realizou a ligação clandestina; que reside no mesmo endereço que a acusada e que os demais moradores do terreno, cuja propriedade é atribuída ao Sr. Sidnei Inácio Neto, alegam que é este último o autor das ligações clandestinas; que Sr. Sidnei Inácio realizou as ligações clandestinas com o intuito de prejudicar os moradores e expulsá-los de seu terreno; que todos os moradores do terreno tentaram regularizar o consumo irregular de água junto a CEDAE, mas não obtiveram sucesso. Por ocasião de seu interrogatório, a acusada alegou que Sidnei Inácio se apresentava como proprietário do terreno; que havia as despesas da água eram pagas a Sidnei; que a regularização do consumo de água foi tentada junto a CEDAE mas não obteve sucesso; que não foi a responsável pela confecção da ligação clandestina; que a denúncia a respeito da ligação clandestina foi feita por Sidnei Inácio como forma de retaliação a uma ação possessória movia em desfavor do mesmo pela acusada e pelos demais moradores do terreno; que seu pedido de regularização do registro do consumo de água foi negado pela CEDAE ao argumento de que a acusada não seria proprietária do terreno.”

OS MORADORES JÁ HAVIAM OBTIDO UMA VITÓRIA NA 1ª VARA CÍVEL DA CAPITAL EM AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE MOVIDA POR SIDNEY, POIS O JUIZ ENTENDEU QUE ESTE ESPECULADOR NUNCA TEVE POSSE NEM PROPRIEDADE DO IMÓVEL.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

ATO REALIZADO DIA 28 DE AGOSTO NA PRAÇA XV CONTRA O PROJETO DE JOSÉ SERRA PARA PRIVATIZAR A PETROBRÁS.