quinta-feira, 5 de maio de 2016

GUINADA À ESQUERDA - POR FÁTIMA LACERDA

Depois de ter feito um governo de direita com alianças, as mais espúrias possíveis, com gangsters da política nacional como: Maluf, Sarney, Collor, Temer, Cunha, e por eles ter sido traída, a presidente, ao apagar as luzes, toma medidas interessantes, sintetizadas de maneira brilhante pela jornalista Fátima Lacerda da Agência Petroleira de Notícias. Leiam abaixo.


Por Fatima Lacerda*

Num discurso que ficará para a História, a Presidenta Dilma se comprometeu, no Dia do Trabalhador, a elevar o valor do Bolsa Família em 9%. Em contrapartida, Temer anunciou que, caso usurpe a presidência, reduzirá o número de beneficiários. Atenderia com o programa apenas “os 5% mais pobres”, o que totaliza em torno de 10 milhões, ou seja, 36 milhões de pessoas a menos. “A maioria crianças”, segundo Dilma.
“O projeto que querem impor ao Brasil não é aquele que venceu nas urnas” – disse. As propostas dos defensores do impeachment passam longe do combate à corrupção. Eles querem o fim da CLT, com a prevalência do negociado sobre o legislado, em detrimento dos direitos ainda assegurados aos trabalhadores; querem reduzir as verbas constitucionais mínimas garantidas à educação e à saúde; querem comprimir aposentadorias e aumentar o tempo de contribuição; querem eliminar leis de proteção ambiental nas florestas, campos e cidades; querem privatizar todas empresas públicas, desmontar a Petrobrás e entregar o pré-sal às empresas estrangeiras:
"Querem acabar com uma política que permitiu a elevação, em termos reais, de 76% do salário mínimo. O golpe é contra a democracia e contra os direitos dos trabalhadores" – enfatizou Dilma.
A presidente Dilma também falou sobre a promessa do vice-presidente Michel Temer de privatizar tudo o que for possível. "A primeira vítima será o pré-sal", pressagiou. A Unasul, o Mercosul, os Brics também estão jurados de morte, e toda uma política externa “ativa e altiva”.
Nos últimos dias, Dilma Roussef finalmente vem tomando algumas medidas que já estavam sendo esperadas há anos. Assinou decretos em favor da reforma agrária e da legalização de terras quilombolas, “num esforço para diminuir as desigualdades no país”.
Foram 25 decretos de desapropriação de imóveis rurais, assinado em 1 de abril. Dentre eles, 21 vão assegurar 35,5 mil hectares de terras para a Reforma Agrária em 14 estados do país. Outros quatro regularizam territórios quilombolas, atendendo a 799 famílias no Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe, somando 21 mil hectares. Ao todo, os decretados assinados equivalem a um total 56,5 mil hectares.
Ela tenta corrigir o rumo, às vésperas da decisão sobre o impeachment. Nos últimos três anos, mais de cem milhões de hectares de terras foram reconcentrados nas mãos do latifúndio. Hoje 120 mil famílias estão acampadas em todo o país.
No mesmo dia em assinou as desapropriações, lançou edital do Sistema Nacional de Promoção da Igualdada Racial que vai liberar R$ 4,5 milhões para projetos de promoção da igualdade racial no país, de apoio a políticas públicas de ação afirmativa e a políticas para comunidades tradicionais.
Os sofridos povos indígenas, que têm morrido impunemente nas mãos dos ruralistas e seus capangas, também esperam na fila. O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Pedro Gonçalves da Costa, disse que corre para destravar até 14 áreas que já estão com seus processos em andamento.
Desde o início do mês, o governo deu andamento a mais de 30 processos de liberação de terras, seja para demarcação de áreas requeridas por comunidades tradicionais ou desapropriações para reforma agrária, que há anos aguardavam aval do Planalto.
No discurso oficial, o governo afirma que decidiu "pagar uma dívida antiga com os povos tradicionais". Na prática, de um lado, índios, quilombolas e movimentos sociais são atendidos em suas demandas. De outro, o governo reforça sua resistência social e cria entraves a um eventual governo de Michel Temer.
Pena que a presidenta da República não tomou essas medidas há mais tempo. Teria angariado amplo apoio popular. Pena que só agora os petistas percebam que superestimaram acordos de cúpula e subestimaram a força do povo, o principal respaldo dos governos à esquerda nos regimes capitalistas, que são inteiramente calcados nos valores burgueses.

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