segunda-feira, 14 de agosto de 2017

OPINIÃO - A notável Ordem de São Domingos


André de Paula


O padre espanhol Domingos de Gusmão fundou a ordem dos Pregadores em 1216, na França, abrigando frades, religiosas, monjas contemplativas e leigos vivendo na mendicância para combater o fausto da Igreja.

O carisma da Ordem é o estudo, oração, pregação e opção pelos pobres.

Os primeiros procediam da Universidade de Bolonha na Itália, de Oxford na Inglaterra e de Sorbone na França.

Os dominicanos fundaram as duas primeiras Universidades da América Latina: a de Santo Domingo na República Dominicana, em 1538, e a de São Marcos no Peru, em 1551.

No Brasil, se dedicaram aos indígenas, ao movimento estudantil, aos movimentos sociais e à defesa dos direitos humanos.

Destacam-se, entre os mais conhecidos, Tomás de Aquino, Doutor da Igreja, autor da Suma Teológica, e que disse que “a terra é de quem nela vive e trabalha” e que “quando não houver outra forma de remover um governante tirano, recorrer às armas é válido”.

Santa Catarina de Sena, apesar de analfabeta, também é doutora da Igreja, conseguindo unificá-la, àquela época dividida em dois papados.

Bartolomeu de Las Casas denunciou a opressão a que eram submetidos os indígenas pela colonização hispânica, tendo elaborado a primeira Carta de Direitos Humanos da América Latina, tendo sofrido perseguição por isso.

Campanella pregava a abolição da propriedade privada, sofrendo prisão por longos anos.

Francisco de Vitória lançou as bases do direito internacional.

Savonarolla que vociferava contra a degradação moral e os privilégios dos poderosos  foi morto pela inquisição, mesmo fim que teve Giordano Bruno. Aliás, a Inquisição mostra o lado negativo da Ordem, pois esta foi fomentada pelos Dominicanos, comandadas pela figura sinistra de Torquemada, quando São Domingos já tinha morrido.

Martinho de Porres, peruano negro, símbolo da humildade e da luta contra o racismo e escravidão, conseguiu entrar na Ordem, uma vez que nos anos de mil e seiscentos os índios e os negros  não podiam ingressar na Ordem por quatro gerações.

Dominique Pire, lutador na resistência belga contra o nazismo, ajudou a fuga de várias pessoas e trabalhou, depois, com os camponeses, tendo, por seu trabalho, recebido o prêmio Nobel da Paz em 1958.

No Brasil, Matheus Rocha fez da ação católica um movimento progressista que nos deu Betinho, entre outros, e que influenciou os frades Betto, Ivo, Fernando, Osvaldo, Tito e outros a enfrentarem a ditadura militar empresarial de 1964, recebendo eles atrozes torturas por isso, sendo Tito levado ao suicídio, depois de ficar louco, devido às terríveis torturas praticadas pelo psicopata delegado Fleury.

Tomás Balduíno, Bispo que se dedicou ao povo indígena tendo presidido o CIMI- Conselho Indigenista Missionário e a CPT- Comissão Pastoral da Terra.

A Comissão Dominicana de Justiça e Paz, bastante atuante, tornou-se uma expressão fundamental das prioridades definidas pela Ordem, congregando frades, religiosas e leigos voltados à busca de uma terra sem males. No Brasil, além de frades, monjas contemplativas e religiosas dedicadas à educação, existe o movimento juvenil dominicano e leigos identificados com o carisma da Ordem, entre os quais me incluo, humildemente.

Três compromissos definem o carisma dominicano: lutar por justiça e pela partilha dos bens da terra e dos frutos  do trabalho humano (pobreza), fidelidade ao carisma de São Domingos, Pregador do Evangelho(obediência), gratuidade na entrega amorosa e solidária da vida a todos e, em especial, aos que carecem de condição digna de vida(castidade).


André de Paula é advogado da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST) e membro da Anistia Internacional.

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