segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A plenária dos trabalhadores respondeu a nossa nota de reclamações da seguinte forma:

"Companheiros informes da reunião operativa do dia 25/9 :
...
Em relação a Fist , a reunião operativa lamenta e considera ter havido um problema organizativo em relação a garantia da estrutura pedida pelos companheiros, e propõe que doravante seja feita uma comissão de estrutura para cada evento / ato , onde esta comissão proporá a estrutura existente para evento / ato que deverá ser avaliada pelos companheiros da Fist e outras organizações que devem confirmar se aceitam a estrutura existente antes da participação.

Plenária de Trabalhadores em Luta"
Comentários da FIST:

A FIST agradece a satisfação dada às questões trazidas apesar de lamentar profundamente a resposta corriqueira e protocolar. Não se pode negar que é um avanço em relação a postura inicial da organização que defendia a ofensa e se desfazia da nossa reclamação demonstrando uma postura prepotente enquanto fazia de uso do argumento de união para ignorar problemas sérios de relações desiguais dentro desse projeto.

Não só isso mas também punha-se a elogiar e lamentar a falta do MTST na plenária no momento em que relatávamos nossas reclamações. O MTST é um movimento que defende a reforma urbana mas muitas vezes recua diante do enfrentamento concreto ao governo do PT, que também critica em público a presidência mas participa de uma manifestação em apoio a mesma para logo depois ver uma proposta de ajuste fiscal aonde um terço dos cortes está na moradia. E por sinal, um movimento muito menor que a FIST no Rio de Janeiro!

É triste perceber que muitos dentro da plenária leem as críticas como um ataque pessoal a esta ou aquela organização ou como uma forma de implodir o espaço. Nós temos uma visão muito diferente, não vivemos de aparências como partidos políticos fazem, vivemos do conteúdo concreto da nossa militância. Não fazemos política com uma retórica para depois ter uma prática diferente. Assim, acreditamos que a crítica condizente sempre é produtiva, um convite a reflexão e reforma de atuação.
Acreditamos que a correção das falhas mostra uma postura de retidão e honradez e é isso que atrai pessoas para uma causa e não a resposta inicial pueril e indigna da plenária. Resta agora verificar se a postura de respeito e igualdade realmente será posta em prática ou continuará só no discurso.

É preciso dizer ainda que falta de detalhes sobre um ajuste pago pelos ricos também parece demonstrar irresponsabilidade ou falta de conhecimento de política fiscal. É difícil atrair pessoas e demonstrar a seriedade da proposta se é apresentada de forma tão vaga. O mesmo pode-se dizer sobre uma política de emprego tão necessária nesse momento de crise além de elencar as prioridades orçamentário populares e outras demandas essenciais como aquelas contra a discriminação de qualquer forma que seja.

Outra questão preocupante que torcemos que seja sanada é que dentre os eixos principais da plenária inicialmente não havia nem menção de reforma agrária e reforma urbana demonstrando a baixa prioridade dos movimentos ali presentes a estas questões. Na reunião subsequente isso foi corrigido mas não foi mencionado nada sobre questões de direitos humanos dos pobres, reforma das policias, do judiciário, do código penal e processual, do sistema prisional ou da política de segurança.
Fica exposto clara e novamente que esta plenária ainda não tem um cunho popular mas predominantemente trabalhista e ideológico concentrando-se muito mais em teoria e retórica do que na prática dos interesses populares. Isto é gravíssimo! Precisamos atentar para o fato de que a proporção de trabalhadores sindicalizados no Brasil é de cerca de 17% representando assim uma minoria da classe trabalhadora. Obviamente que são mais organizados e tem recursos garantidos por lei mas isso não quer dizer que sozinhos sejam capazes de representar a sociedade. 

Já partidos políticos oportunistas, pelegos, desonestos, elitistas, falsos e academicistas munidos só de teoria e retórica enquanto se mantêm distantes do povo são menos representativos e atrativos ainda para qualquer projeto de união de esquerda e isso prejudica nossas tentativas de trazer mais movimentos sociais próximos a nós para esta plenária. Estamos tentando ativamente aglutinar mais forças mas certos grupos terão que pensar seriamente no seu comportamento e nos seus objetivos dentro desta plenária. Caso seja unir por uma pauta comum como dizem então será necessário um esforço muito maior de grupos hegemônicos em abrir espaço, mostrar respeito e promover a igualdade dentro da plenária.

Entendemos que documentos podem ser corrigido facilmente mas o processo e as pessoas que criaram os documentos originais precisam seriamente de mudanças se realmente quiserem união e trazer as massas para este projeto. A Fist se mantém disposta em contribuir caso veja avanços mas cogitando ainda a possibilidade de abandonar as reuniões e participar só dos atos que achar válidos.

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