segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

OPINIÃO - AS FORÇAS ARMADAS DEFENDEM A SOBERANIA NACIONAL?


                                                                                                                 


                                                                  André de Paula


Nossas riquezas, como o petróleo, nióbio e água estão sendo entregues em sucessivos governos e, principalmente agora, no governo ilegítimo de Temer.

O que fizeram as forças armadas para coibir estes crimes de lesa-pátria?

Na última rodada de leilão do petróleo, por exemplo (na verdade, doação dissimulada), algumas gigantes que apoiaram alegremente o último golpe levaram o ouro negro a preço de banana. Foi o caso da EXXOM MOBIL para exemplificar.

O campo gigante de Carcará e a petroquímica de SUAPE sequer foram licitadas na entrega avassaladora. Perdemos um trilhão de reais por conta destas negociatas.

A posição das forças armadas foi de omissão total o que não gera surpresa uma vez que seu passado é nada recomendável. Acumulam uma história de fracassos. O exército brasileiro promoveu um genocídio no Paraguai tanto que os arquivos desta guerra do século XIX são mantidos secretos. Fez uma matança em Canudos para evitar que os nordestinos se livrassem da tutela dos donos dos engenhos. Quando comandaram o país na ditadura, manipulada pela Casa Branca, roubaram, mataram, torturaram, desapareceram com centenas de pessoas e só de indígenas foram cerca de quatro mil mortos e nada podia se falar, pois existia uma censura total e um medo endêmico das pessoas. Eu mesmo sou testemunha viva, pois fui preso, torturado juntamente com minha irmã e cunhado. Não fosse meu pai, coronel do exército, golpista arrependido, e a Igreja Católica, não estaria aqui para denunciar o ocorrido.

As Forças Armadas que existem para defender nossas fronteiras e soberania, agora, se prestam a servir de instrumento para que o corrupto e ilegítimo governo Temer possa respirar por meio desta medida inconstitucional de intervenção no Rio de Janeiro, o que, na prática, servirá para substituir as fracassadas UPP’s que deveriam ser de intervenção cívica e não militar.

Na verdade, a população não tem confiança na Polícia Militar devido ao seu total despreparo e má formação e, por outro lado, esta população não sabe o que ocorreu na ditadura devido ao terror que reinava e à censura que não permitia qualquer divulgação.

Pretende este governo, vassalo dos interesses internacionais, depois de ter conseguido aprovar a danosa reforma trabalhista, ganhar popularidade para poder mais adiante voltar a tentar dar o golpe mortal no povo que é a realização da reforma da previdência que nesse momento seria impossível, pois não tem voto nem prestígio para tal. 

A intervenção, ora decretada, é feita por quem tem passado comprometedor, sendo o aprofundamento da ditadura do capital e está longe de resolver os problemas da segurança pública, pois não se está enfrentando as causas estruturais, servindo apenas para massacrar e matar as populações das periferias pobres e negras. Nenhum grande traficante ou bandido será preso pelo Exército. Aécio, Perrela, Jucá e outros gângsteres da elite brasileira sabem muito bem disso. A intervenção é de tal ordem arbitrária que até proíbe a presença de jornalistas que têm, não só o direito de ver, mas principalmente o dever de informar.

Os pobres das comunidades estão, inclusive, sendo fichados em abordagens generalizadas o que está em desacordo com a Constituição Federal e configura intolerável violação dos direitos fundamentais. Por acaso as Forças Armadas estão fazendo abordagens nos condomínios de luxo, nas casas dos grandes traficantes ou nas fronteiras de onde provém as drogas e as armas sofisticadas?

Precisamos continuar nas ruas contra estes governos ilegítimos e corruptos para derrubá-los em todos os níveis, barrando a intervenção militar e a reforma da previdência. Para tanto, será de suma importância uma greve geral, pois a situação do país é catastrófica.


André de Paula é advogado da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST) e membro da Anistia Internacional.

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