Por André
de Paula
ANTÔNIO LOURO |
Engenheiro naval por
profissão, na ditadura militar brasileira foi despedido de vários
estaleiros em virtude de sua ficha de revolucionário.
Advogado, na prática,
sem nunca ter passado por Faculdade de Direito, revolucionou a
advocacia brasileira; primeiro, por ter me ensinado e estimulado a
exercê-la em benefício dos pobres; depois, por ter criado no
instituto da suspeição a “inimizade de classe” que os juízes
geralmente têm. Ensinou-me a defender o instituto da posse contra a
propriedade abandonada logo que esta fosse tomada pelos posseiros.
Residia em apartamento fruto da vitória que tivemos na Justiça da
ação de manutenção de posse onde reside sua viúva, Marlene. Por
todas essas lutas, entre a Praça da República e a Praça
Tiradentes, na Rua Visconde do Rio Branco, existe a Ocupação
Antônio Louro, singela homenagem a este gigante fundador da Frente
Internacionalista dos Sem-Teto (Fist), ex-membro da direção da
Central dos Movimentos Populares(CMP) e ex-membro da direção do
Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM).
Foi membro do Comitê
Central do Partido Comunista Português (PCP), tendo rompido com o
mesmo em virtude de suas posições stalinistas. Quando operário da
fábrica de armamentos em Portugal, danificava as bombas enviadas por
Salazar a Franco, durante a Guerra Civil Espanhola, fazendo com que
saíssem delas propaganda republicana anti-franquista. Foi preso
político em Portugal, tendo cumprido solitária no Forte Caxias.
No Brasil, foi igualmente
preso, sendo torturado na prisão da Rua da Relação, em virtude de
sua luta antirracista contra o imperialismo português na defesa da
libertação das colônias portuguesas e, em virtude disso,
conquistou sua anistia. Quando de sua prisão aqui no Brasil, veio de
Portugal um agente da PIDE(Polícia de Salazar), especialmente para
contribuir com suas torturas, tendo ficado provado com isso que a
Operação Condor não era uma trama apenas de países
sul-americanos. Defendia a tese de que Cabo Anselmo, com quem
conviveu na prisão, sempre foi um agente da CIA, uma vez que até o
título a ele conferido não condizia com a realidade porque Anselmo
nunca foi cabo e sim marinheiro.
Participou efetivamente
na campanha “O PETRÓLEO TEM DE SER NOSSO”, tendo ocupado,
inclusive, a ANP – Agência Nacional do Petróleo contra os leilões
ocorridos nos governos de Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer.
Participou, intensamente, da luta pela libertação dos presos
políticos no Brasil, tendo feito greve de fome em solidariedade aos
revolucionários que sequestraram Abílio Diniz e participou, também,
na luta pela libertação dos italianos aqui presos, Pasquale
Vallitutti, Achille Lollo, Luciano Pescina e Cesare Battisti, entre
outros.
Foi, junto comigo, o
primeiro a denunciar por meio dos meios de comunicação a milícia “
Liga da Justiça”, comandada pelo ex-deputado Natalino e pelo ex-
vereador Jerominho que venderam o espaço coletivo da ocupação Olga
Benário, em Campo Grande, zona oeste do Rio, para a igreja
evangélica “Poço de Jacó”, além da exploração do “gatonet”,
gás de cozinha e transporte alternativo que faziam.
Enfrentou o governador
Carlos Lacerda na ocupação habitacional Vila Palácio, no Catete.
Na verdade, foi o precursor do movimento sem-teto no Rio de Janeiro.
Apesar de ateu, creio
tratar-se de pessoa profundamente religiosa, uma vez que dedicou a
sua vida aos pobres e ninguém é maior do que aquele que dá a vida
por seus irmãos. Ao amar os irmãos está amando a Deus, pois somos
sua imagem e semelhança.
Salve, Antônio Louro!
Herói antirracista, antifascista e anti-miliciano.
André
de Paula é advogado da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST)
e membro da Anistia Internacional.
Contatos:
Correio
eletrônico: fist17@gmail.com
(21)
99606-7119 (Celular - WhatsApp)
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