sexta-feira, 6 de abril de 2018

OPINIÃO - O ASSASSINATO DAS LIDERANÇAS POPULARES NO BRASIL COLÔMBIA


André de Paula

O Brasil virou Colômbia. As instituições estão absolutamente desmoralizadas. Executivo dirigido por um golpista corrupto, com o mais baixo índice de aprovação de todos os tempos, subordinado às Forças Armadas que dão declarações pregando a volta da Ditadura Militar e realizando uma intervenção no Rio de Janeiro, nos bairros pobres, como teste para aplicar no Brasil, já que a violência se encontra generalizada. As Forças Armadas em nada se posicionaram na entrega do nosso Petróleo, de mão beijada, da nossa água, das florestas, do nióbio, enfim, de nossa soberania. O General Villas Bôas, Comandante do Exército, inclusive, cometeu crime em flagrante ao pregar a intervenção militar, caso Lula não fosse preso, uma vez que militar da ativa não pode externar posição política, já que isso contraria o Código Militar e se constitui afronta à Constituição brasileira. Passou ele por cima da autoridade do Presidente da República ao qual deveria estar subordinado e, por isso, devia ter sido preso.

Pretende, ainda, o Executivo, caso consiga mudar sua imagem, aprovar a Reforma da Previdência que será, na verdade, a volta, definitiva, à escravidão moderna. O Poder Judiciário, absolutamente, desmoralizado, cheio de mordomias, decidindo de acordo com os interesses da Casa Grande e da Casa Branca, sem nenhum controle externo, e tendo um Legislativo, absolutamente controlado pelo Capital, tornando nossas eleições uma das farsas mais grotescas do mundo.

Na verdade, o país é controlado, em grande parte, pelo tráfico de drogas, milícia, polícia corrupta. Lamentavelmente, há um impressionante número de lideranças populares eliminadas demonstrando que os assassinatos da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, não é um caso isolado. São trinta as lideranças assassinadas no Brasil em curto espaço de tempo, entre 16/02/2016 até hoje, podemos mencionar:

Sávio de Oliveira, 25/03/2018, membro da União da Juventude Socialista de Maricá – RJ;
Matheus Bittencourt, 25/03/2018, membro da União da Juventude Socialista de Maricá – RJ;
Marco Jhonata, 25/03/2018, membro da União da Juventude Socialista de Maricá – RJ;
Matheus Baraúna, 25/03/2018, membro da União da Juventude Socialista de Maricá – RJ;
Patrick da Silva Diniz, 25/03/2018, membro da União da Juventude Socialista de Maricá – RJ;
Paulo Sérgio Almeida Nascimento, 13/03/2018 – Líder comunitário no Pará ;
Márcio Oliveira Matos, 26/01/2018 – Líder do MST na Bahia ;
Leandro Altenir Ribeiro Ribas, 19/01/2018 – Líder Comunitário no RS ;
Jefferson Marcelo, 04/01/2018, Líder comunitário no RJ ;
Carlos Antônio dos Santos, 08/02/2018 – Líder movimento agrário em Mato Grosso ;
José Raimundo da Mota de Souza Júnior 13/07/2017 – Líder quilombola/MST na Bahia;
Eraldo Lima Costa e Silva, 20/06/2017 – Líder MST no Recife – assassinado
George de Andrade Lima Rodrigues, 23/02/2018 – Líder comunitário no Recife ;
Luís César Santiago da Silva, 15/04/2017 – Líder sindical no Ceará ;
José Bernardo da Silva, 27/04/2016 – Líder do MST em Pernambuco ;
Paulo Sérgio Santos, 08/07/2014 – Líder quilombola na Bahia ;
Rosenildo Pereira de Almeida (Negão), 08/07/2017 – Líder comunitário/MST ;
Jair Cleber dos Santos, 24/09/2017 – Líder movimento agrário no Pará ;
Simeão Vilhalva Cristiano Navarro, 01/09/2015 – Líder indígena no Mato Grosso ;
Fabio Gabriel Pacifico dos Santos, 19/09/2017 – Líder quilombola na Bahia ;
Valdenir Juventino Izidoro, (lobo), 04/06/2017 – Líder camponês em Rondônia ;
Almir Silva dos Santos, 08/07/2016 – Líder comunitário no Maranhão ;
José Conceição Pereira, 14/04/2016 – Líder comunitário no Maranhão ;
Waldomiro costa Pereira, 20/03/2017 – Líder MST no Pará ;
Valdemir Resplandes, 09/01/2018 – Líder MST no Pará ;
Clodoaldo dos Santos, 15/12/2017 – Coordenador SOS Emprego em Sergipe ;
João Natalício Xukuru-Kariri, 19/10/2016 – Líder indígena em Alagoas ;
Edmilson Alves da Silva, 16/02/2016 – Líder comunitário em Alagoas ;

Somente nos três primeiros meses do ano de 2018,  cento e cinquenta pessoas no Estado do Rio de Janeiro foram assassinadas, entre elas, 28 policiais sob a motivação da guerra às drogas, tendo a maioria entre 16 e vinte anos e sendo negros, pobres e favelados.

A prisão política volta à tona com a criminosa condenação do Almirante Othon, a mando dos Estados Unidos, por tentar construir um submarino atômico para a nossa defesa e o encarceramento do padre Amaro de Anapu, no Pará, por lutar pela defesa da Amazônia e a Reforma Agrária. Isso sem falar na ordem de encarceramento do ex-presidente Lula antes de esgotados todos os recursos jurídicos previstos o que viola frontalmente o ordenamento jurídico de nosso país.

Para mudar esta situação, temos que acabar com os privilégios das elites, a lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas feitos pelos grandes capitalistas. Urge uma tomada das ruas, preparando uma Greve Geral para exigir uma constituinte além dos partidos, com representantes dos movimentos populares e sindicais organizados para a completa reforma de nossas instituições falidas.

André de Paula é advogado da FIST-Frente Internacionalista dos Sem Teto e membro da Anistia Internacional


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